'God of War Ragnarok' é 'muito mais sobre Atreus do que sobre Kratos', diz diretor de arte brasileiro
09/11/2022
Em entrevista ao g1, Rafael Grassetti fala sobre foco no filho adolescente do protagonista do game: 'ele é muito importante pro futuro da franquia'. Aquela música já dizia: "Fantasma de Esparta é coisa do passado. O futuro agora é o filho do Kratos".
Essa é também a mentalidade dos desenvolvedores de "God of War Ragnarok", sequência do game de 2018 que reinventou a franquia da Sony e que chega com exclusividade aos consoles da fabricante, PlayStation 4 e 5, nesta quarta-feira (9).
G1 jogou: 'God of War Ragnarok' é excelente sequência sem a inovação do anterior
"O 'Ragnarok' é muito mais do Atreus do que do Kratos. A jornada é muito mais dele. Em 2018 foi revelado que essa é, na verdade, a jornada dele naquele mural", diz em entrevista ao g1 o diretor de arte do game, o brasileiro Rafael Grassetti.
Ele se refere, é claro, ao jovem filho do antigo deus da guerra grego, protagonista inicial da série desde o primeiro jogo, ainda para o PlayStation 2, em 2005.
Com a bem-sucedida reformulação da franquia em "God of War" há quatro anos, o personagem mal-encarado amadureceu graças à companhia de seu pequeno herdeiro/companheiro de batalhas.
Ao final, foi revelado que o garoto era ninguém menos do que a divindade nórdica que no futuro assumiria o nome de Loki, deus da trapaça. Por isso, não é difícil entender a importância do agora adolescente na continuação.
"Desde o começo a gente sabia que o Atreus tinha que ser mais importante para a série. Ele é muito importante para o futuro da franquia, para o PlayStation."
Assista ao trailer de 'Gof of War Ragnarok'
Jogo de tirar e pôr
"Ragnarok" é uma sequência direta, mas começa alguns anos depois do fim de "God of War". A relação entre Kratos, o antigo Fantasma de Esparta exilado na terra dos vikings, e Atreus amadureceu, mas continua assombrada pela armadura emocional do herói.
Agora no começo da adolescência, o jovem não consegue evitar o desejo por descobrir a verdade por trás de sua natureza.
E é essa busca que leva os protagonistas a entrarem mais uma vez em confronto com o panteão de deuses nórdicos. Ou pelo menos com aqueles que escaparam das lâminas flamejantes do Fantasma de Esparta.
O estúdio Santa Monica, responsável pela franquia, começou a trabalhar na continuação antes mesmo do final de 2018. Afinal, muita coisa dos planos para o quarto game (o primeiro dessa nova fase) tinha ficado de fora do produto pronto.
"Quando se fala de um desenvolvimento tão grande, é um jogo mais de tirar do que de pôr. A gente começa com uma ideia muito grande e começamos a tirar o que não precisa, deixando apenas o que é importante para a história", diz Grassetti.
"O de 2018 foi muito mais isso do que agora, porque estávamos construindo uma engine do zero, o sistema de movimentação, essas coisas. No 'Ragnarok' a gente conseguiu trabalhar muito em cima do que a gente já tinha. E o foco agora era contar uma história ainda mais envolvente, que não fosse tanto o que os fãs estavam esperando."
Responsável pela repaginação de Kratos no jogo anterior, o brasileiro teve passagem pelo desenvolvimento de games como "Mass Effect 3" e "Dragon Age: Inquisition". Leia mais sobre o artista.
'God of War Ragnarok'
Divulgação
Resposta ao racismo
Além da importância crescente de Atreus, outra novidade em "Ragnarok" é a inclusão de Angrboda. Uma gigante da mitologia nórdica conhecida como mãe de monstros e esposa de Loki, ela aparece no jogo como uma jovem preta – algo que gerou reclamações de grupos racistas que não se ofenderam com a existência de um anão azul, por exemplo.
Segundo Grassetti, a escolha pelo visual da personagem nem foi necessariamente uma tentativa de aumentar a representatividade no game, mas sim um desejo de expandir as possibilidades das diferentes raças das lendas da região.
"Ela traz uma leveza nesse momento para mostrar tudo o que o atreus está passando. Era um momento que eu sempre esperei muito acontecer. Olhei muito para filmes dos anos 1980, "O cristal encantado" (1982), "Labirinto, a Magia do Tempo" (1986), essas coisas de fantasia mesmo", afirma o brasileiro.
"Ela tem uma parte muito importante nisso, de trazer à tona esse lado mais curioso que o Atreus nunca teve, sendo criado pelo Kratos."
Agrboda é uma das personagens novas de 'God of War Ragnarok'
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